Existe um filme antigo, lançado
em setembro de 2002, que julgo ser mal interpretado ou interpretado de forma
superficial. Se trata de “Sinais”, escrito e dirigido por M. Night Shyamalan, tendo Mel Gibson e Joaquin Phoenix no elenco. É uma ficção e suspense, que trata de
uma invasão alienígena a terra, sendo essa identificada através de “sinais” ou
“símbolos” marcados em colheitas em campos de agricultura do país. Contudo,
isso é apenas o pano de fundo.
Mel Gibson interpreta um Pastor Episcopal
que não exerce mais o seu ministério, porém, na cidade onde vive, é sempre
chamado pelas pessoas por “pastor” (ou padre, conforme tradução). Tendo ele
sempre que lembrar a todos que não é mais pastor ou padre. E esse fato se dá,
devido a perda da sua esposa, em acidente de carro, que antes de perder por
completo a consciência, disse naquele momento algumas palavras que não fizeram
a ele, o menor sentido. Em resposta a isso, ele simplesmente nega a fé.
Vivendo então a sua vida com seus
02 filhos pequenos e seu irmão (que o admira muito), assombrado pelo passado
desse acidente, segue a vida não aceitando a perda e se esforçando para criar
seus filhos.
No momento do ataque dos
alienígenas, Graham Hess (interpretado Mel Gibson), tranca toda a sua casa
protegendo assim sua família. E escondido e apavorado sem ter o que fazer, resolve
simplesmente “jantar”. Fazer uma refeição, num contexto de morte eminente. Em
meio a discussão seu filho grita: “Eu te odeio”. A casa é invadida, todos se
escondem no porão, por conta das circunstâncias o filho menor esquece a bomba
de ar (ele tem asma), na sala da casa e chega a desmaiar. Nisso, Graham olha
para cima com ira e expressa: “Eu te odeio”. Ficam até amanhecer, e quando o dia
inicia, todos saem receosos para a casa. A TV está ligada anunciando que a
terra está segura, a casa está cheia de baldes e jarras de água (pois a filha
acreditava que os alienígenas não gostavam de água), e outras desordem.
De repente, quando todos
procuravam a bombinha de ar, um alienígena aparece segurando o filho que estava
desmaiado, em seus braços, e soltar uma fumaça venenosa pelas mãos atingida a
criança.
E de repente, Graham Hess,
compreende todas as palavras que sua esposa havia dito antes de falecer. De
forma instantânea tudo fez sentido: “Jogue a água nele”, “Peça para Merrill
bater bem forte”, entre outras. Os baldes e jarras são derrubados e quebrados
afetando assim o alienígena, Merrill com o bastão de baseball bate até matar o
alienígena. Graham desesperadamente leva o filho para fora, onde desperta com
vida.
No momento em que Graham Hess
deveria se proteger mas resolve “comer”, ele está simplesmente vivenciando o
pensamento cultural testificado na bíblia: “...comamos
e bebamos, que amanhã morreremos” (I Cor. 15:32). Obrigando seus filhos e
seu irmão fazer o mesmo, num surto de pânico e desprezo as suas convicções
mostrando assim sua crise de fé por conta do falecimento da sua esposa. Seu
filho vendo todo descontrole e opressão do pai grita: Eu te odeio! Contudo,
essa exclamação é absorvida pelo Graham Hess que replica no momento em que seu
filho desmaia, olhando para cima (ou para Deus, seu pai) e grita: Eu te odeio! É
expressado toda a raiva e angustia do fundo coração do pastor que perdeu e não
compreendeu e nem aceitou a morte da sua esposa, vivendo distante e brigado com
Deus. Ao final ele começa a compreender. A criança não inalou a fumaça com o
veneno, pois seu pulmão estava “fechado” devido à dificuldade respiratória,
causada no momento do pânico no porão, por ter esquecido a bombinha de ar. As
águas armazenadas em jarros ou baldes, colocadas pela sua filha sem muito
sentido, foi essencial para a eliminação do alienígena. Todas coisas fizeram
sentido, mas só naquele momento naquele dia, no devido tempo pré-determinado.
O filme mostra a crise de fé de
um pastor, que pode ser vivenciada por qualquer ser humano em qualquer momento
da vida, mediante a uma tragédia. Rupturas bruscas nas nossas vidas podem
acontecer a qualquer momento, todos têm ciência ou quase todos. Contudo, são
situações que provam nossas convicções e confronta o mais íntimo do nosso eu. A
não aceitação da morte da esposa do Graham Hess, levou ao afastamento das suas
convicções, de seus pilares de sua própria existência, levando a uma vida, sem
vida. Até o momento, que a providencia de Deus interviu em um momento da sua
história restaurando sua fé e por consequência, sua vida.
Nem sempre haverá explicações
para as tragédias e rupturas da nossa história, não haverá paz e nem vida, se
não houver entrega de si naquele que é Soberano e que rege a história da
existência com perfeição e com propósito definido. Ainda que se desconheça o
propósito.
Que sinais conhecidos e
desconhecidos da vida, possam sempre ser condicionados ao querer do Soberano.
“é ele
quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis...” (Daniel
2:21)
Daniel Cardeal
4 comentários
Belíssima reflexão. Parabéns Daniel.
ResponderExcluirAquilo que Deus faz (permite) em nossa vida só precisa fazer sentido para Deus. Para nós, o que vale é praticar "o justo viverá pela fé". A confiança no Senhor é manifestada quando "a terra se transtorna e os montes se abalam no seio dos mares". Belo texto, Daniel!
ResponderExcluirMeus parabéns pelo texto Daniel. Muito bom!!
ResponderExcluirNem toda morte é uma tragédia. Muito bom mano! Deus te abençoe.
ResponderExcluirComente. Debata. Discorde. Elogie. Concorde.
Desfrute deste espaço que é seu, amado leitor.
Apenas me conservarei no direito de não responder ANÔNIMOS e conseqüentemente deletar seus comentários.
Na paz do Eterno.
Pr. Maicon